Confissões de um coração rebelde…

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O que o Dinheiro não compra…

 Seu sobrenome bem que poderia ser Trabalho, mas era Santos… Flávio dos Santos para ser mais precisa…

Nascido em família bem simples, Flávio sempre deixou claro que queria mais… Queria ser grande, rico, poderoso e influente.

Seus pais tinham estudado, não chegaram a fazer faculdade, mas nunca lhes fez falta. Conheceram-se no banco onde trabalhavam, se apaixonaram e casaram-se um ano depois… Com suas economias compraram uma casa pequena, mas aconchegante e não demorou muito Flávio nasceu. Ele foi o único e desde aquele momento, passou a ser a prioridade número um de seus pais. Até aquele momento, todos os instantes possíveis eram divididos com Flávio. Iam a todas as peças de teatro da escola, a todas as reuniões, festas… Faziam questão de estar sempre presentes e bem por isso haviam renunciado a varias oportunidades de crescimento dentro do banco, pois lhes tomaria tempo demais, e esse tempo era da família.

Flávio cresceu cercado por esse carinho e essa dedicação… Nunca precisou trabalhar pra ajudar em casa, dedicava-se aos estudos e conseguiu entrar em um curso muito concorrido com uma certa facilidade.

Era hora de ir. A universidade era muito longe, viajar todos os dias se tornava impossível… Lembro-me de que nunca vi maior tristeza em minha vida do que a que vi nos olhos dos pais de Flávio ao verem seu ônibus partir… Mas ao mesmo tempo em que havia essa tristeza, eles compreendiam que seu filho estava crescido e no caminho certo.

Flávio não derramou uma lágrima sequer, ao contrário, parecia feliz e aliviado em deixar aquele lugar de que tinha até uma certa vergonha…

Os 4 anos que se seguiram não foram fáceis para ele. Vivia no alojamento da universidade e recebia uma bolsa de pesquisa. Foi assim que se sustentou.

Não demorou para que fosse chamado para ingressar em uma grande empresa. Fez um ano de estágio e foi efetivado na função.

Como seus pais, conheceu a mulher de sua vida nessa empresa, como tudo para Flávio tinha que ser pra ontem, não namoraram nem seis meses e já estavam casados e ele esperava sua primeira filha.

Trabalhando mais de 10 horas por dia, inclusive aos sábados, Flávio foi crescendo na empresa… Havia entrado como estagiário e hoje estava sendo promovido a gerente geral da unidade.

Seis longos anos… Demorou seis anos para que a tão sonhada promoção viesse. Seis anos de trabalho duro, sem finais de semana, sem viagens, sem tempo pra mais nada, inclusive para sua família.
Sua esposa o amava muito e tentava convencer a si mesma de que era tudo pela família, mesmo sabendo que na verdade o ego inflado de Flávio jamais permitira que eles tivessem uma vida mais tranqüila.

Após ser promovido a gerente, a rotina de Flávio só piorou. Agora ao invés de 10 horas de trabalho por dia, eram no mínimo 14… Fim de semana? Viagem de negócios… Tornou-se um estranho dentro de sua própria casa…

Passado alguns anos dessa loucura, uma bomba caiu sobre a cabeça de Flávio. Algo para o que ele não estava preparado e nem sequer tinha sonhado…

Sua garotinha, agora já com 8 anos, ao realizar um exame de rotina, foi diagnosticada com um tipo raro de leucemia, para a qual infelizmente não havia tratamento. Para ela só restavam 2 semanas de vida.

Foi então que pela primeira vez em sua vida, Flávio chorou! Suas lágrimas de desespero e remorso lhe traziam lembranças de sua vida até então… Tinha tudo o que sonhou, uma casa enorme com piscina, um carro de luxo, um ótimo cargo… Mas nada disso, nem todo dinheiro do mundo poderiam lhe comprar o tempo perdido, as peças de teatro da escola, as idas ao médico, os primeiros passos… Tudo o que ele havia perdido… Nada poderia trazer isso de volta e nada poderia dar a sua filha mais tempo…

Saiu imediatamente de férias e correu para sua casa…

As duas semanas que se seguiram valeram mais do que toda sua vida até então…

Ele ficou o tempo todo ao lado da filha e da esposa. Iam ao cinema, pescar, ao parque de diversões… Fizeram piqueniques, passeios de barco… Viram shows infantis…

Mas como esperado, as duas semanas chegaram ao fim, e sua princesa se foi…

Uma parte de Flávio havia morrido junto com ela. O remorso, a culpa e a indignação tomavam conta de seu coração… Ele conseguiu entender, pela primeira vez em sua vida a opção de seus pais… Eles haviam escolhido ele e ele escolheu a carreira… Era triste…

No sétimo dia do falecimento de sua filha, a esposa de Flávio deu-le uma caixinha. Ele não entendia muito bem, mas ela lhe disse que tinha sido um pedido da filha.

Ao abrir a caixa, seus olhos se encheram de lágrimas e ele chorou mais uma vez… Na caixa haviam várias fotos, lacinhos de cabelo, o diploma da escolinha, o boletim, um desenho da família… Mas o que lhe tocou foi o bilhete que sua pequena havia deixado, que dizia:

“Papai, como sei que o senhor é um homem muito ocupado e por isso não sobra muito tempo para mim e a mamãe, vou começar a guardar as coisas mais importantes pra mim para que o senhor possa ver depois. Saiba que eu te amo muito papai e tenho certeza que ainda teremos muito tempo para brincar juntos… Um beijo papai, da sua filha que te adora…”.

Toda sua riqueza, todo tempo dedicado ao trabalho, toda sua carreira… Ele trocaria tudo por apenas mais uma semana que fosse… Uma semana a mais ao lado de sua princesinha…

 Quantas vezes deixamos as pessoas que amamos de lado e priorizamos o material, o dinheiro…

Pequenos momentos são únicos e valem a pena ser divididos com aqueles que amamos para que no fim não haja arrependimentos, remorso e culpa.

Ame hoje, cuide hoje, demonstre carinho hoje, de atenção hoje… Não espere a melhor hora, o melhor momento, pode ser que ele nunca chegue…

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 Por RebelHeartBR

NEOQEAV – Nunca se Esqueça o Quanto eu Amo Você…

Bom dia Amigos Queridos…

Hoje de manhã acordei ao receber uma mensagem de alguem muito especial pra mim, e nessa mensagem estava a sigla NEOQEAV. Eu confesso que não conhecia essa história até então, e não tinha entendido o que significava.

Liguei para dar bom dia para essa pessoa especial e agradecer pela linda mensagem, e lhe perguntei o que significava. Então ela me disse que era uma mensagem que significava “Nunca se esqueça o quanto eu amo você…”. Essa palavra surgiu em uma história, que eu encontrei e vou colocar aqui para vocês… Espero que gostem… 😀

E para a pessoa especial que me mandou essa mensagem hoje no celular, dedico esse post e também lhe digo: NEOQEAV! Você é muito especial para mim, sempre… Te adoro!!! 😉

Karina

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Uma Linda História de Amor – NEOQEAV

 

Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.
A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra “Neoqeav” num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse 
deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.

Eles se revezavam deixando “Neoqeav” escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.

Eles escreviam “Neoqeav” com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho.

“Neoqeav” era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho.

Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar “Neoqeav” na última folha e enrolou tudo de novo.

Não havia limites para onde “Neoqeav” pudesse surgir.

Pedacinhos de papel com “Neoqeav” rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam.

Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros.

“Neoqeav” era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro.

Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós.

Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida.

Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam.

Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso.

Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos.

Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a Deus e bençãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte.

Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes.

Como sempre, vovô estava com ela a cada momento.

Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair.

O câncer agora estava de novo atacando seu corpo.

Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa. Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, rezando a Deus para zelar por sua esposa. Então, o que todos nós temíamos aconteceu.

Vovó partiu.

“Neoqeav”foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó.

Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez.

Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela.

Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser. Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava.

Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando:

“Mas o que Neoqeav significa?”

 

 

Nunca Esqueça O Quanto EAmo Você

 

Autor Desconhecido

O amor nos olhos de um anjo…

Avoada. Era esse o adjetivo pelo qual Lucy era conhecida por todos em seu vilarejo.

Sorriso largo, no alto dos seus 22 anos, era a mais nova entre 4 irmãos, e também a única mulher. De pele bem branca, cabelos claros como o sol, olhos verdes e um tanto quanto desengonçada. Era uma linda mulher, mas o que mais chamava a atenção eram seus olhos… Nunca pensei que conhece-la mudaria minha vida…

 

Tinha sempre um ar melancólico, um olhar distante, mas profundo e adorava se deitar sobre a grama de uma campina que havia perto de sua casa, e assim ficava horas a fio, só observando o movimento dos pássaros, das nuvens e das folhas que o vento levava.

Vivia em um mundo praticamente seu. Não tinha amigos, gostava muito de ler, por isso quase não saia de casa… Devorava os livros que emprestava da biblioteca local. Seus favoritos eram aqueles que contavam histórias sobre os Deuses, os Anjos e os Mistérios entre o Céu e a Terra. Lucy tinha uma ânsia enorme em aprender, especialmente sobre isso…

 

Eu sempre a observava ao longe, afinal fui designada para tanto, e no fundo, eu também gostava muito dessa menina, de seus sonhos, de sua curiosidade… Quando me avisaram que ela seria minha responsabilidade, a princípio fiquei um pouco apreensiva, já que era a primeira vez que estava zelando por alguém, até então meu “trabalho” era mais burocrático. Tive inúmeras horas de estudos, treinamentos, workshops… Tudo para me preparar para isso. Cuidar de Lucy, era minha missão.

Logo de cara pude perceber que essa não seria uma missão complicada, visto que Lucy era uma menina doce, amável, cheia de vida e de sonhos… Não tinha tempo a perder com bobagens e nem passou por aquela fase de rebeldia que a maior parte dos jovens tem uma vez na vida, muito pelo contrário, Lucy era e sempre foi uma pessoa serena, focada e responsável.

 

Só uma coisa me preocupava. Podia sentir que seu coração ficava cada dia mais inquieto… Sempre que ela ia a biblioteca e lia um novo livro sobre os mistérios entre a terra e o céu, mais essa angustia aumentava. Senti que ela estava buscando por respostas, alias, estava desesperada. E nada. Nenhum daqueles inúmeros livros que já havia lido tinham sequer chegado perto de responder seus questionamentos mais profundos. Cada um falava sobre o mesmo tema, mas com abordagem diferente, e Lucy nunca sentiu que as pessoas que haviam escrito aqueles textos sabiam realmente do que falavam…

Deixou a biblioteca de lado, e agora passava cada vez mais tempo deitada na campina, olhando fixamente para as nuvens…

 

Toda aquela angustia que via em seu olhar me deixava muito chateada… Puxa vida, logo na minha primeira missão, a pessoa que me havia sido confiada estava daquele jeito. Eu comecei a pensar em como poderia ajuda-la de maneira mais eficiente, e francamente, ficar de expectadora já estava me deixando inquieta também.

Deixe me dizer de antemão que minhas intenções foram as mais nobres possíveis. Tudo bem que eu tive que desrespeitar uma regra aqui, outra ali, mas regras existem para ser quebradas, não é mesmo?

 

Lá no fundo, eu sabia exatamente o que deixava Lucy daquele jeito. Sabia qual era a pergunta que lhe tirava o sono e pela qual ela buscava com tanto afinco pela resposta…

Enchi-me de coragem, e num belo dia, enquanto ela deitava sobre a grama da campina, decidi me aproximar e me apresentar.

Deitei-me ao seu lado e disse: – “Bom dia Lucy, muito prazer, me chamo Ariel, sou seu anjo da guarda…”

Antes de terminar a sentença, olhei pra Lucy e vi que estava ainda mais branca que de costume (vai ver é por isso que não podemos ficar aparecendo pra todo mundo a toda hora né?) e tratei logo de acalma-la. Disse-lhe que estava ali pois queria ajuda-la a encontrar as respostas que tanto procurava.

Ela começou a me olhar nos olhos e imediatamente começou a chorar… Eu a abracei e ela me contou que muitas vezes havia sonhado com aquele momento, mas que já não acreditava mais… Toda sua busca e toda confusão que encontrou em suas leituras, tiveram efeito inverso do que ela queria. Queria algo para fortalecer sua fé, mas acabou por quase perde-la.

 

Foi então que ela me disse: – “Ariel, como faço para que Deus me ame?”

 

Não esperava por aquela pergunta. Deus a amava com certeza, mas ela não sentia… Por que?

Por um momento, fechei meus olhos, e pude sentir que meu coração batia mais forte. Então percebi exatamente o que deveria fazer.

Pedi que ela fizesse o mesmo e que ouvisse as batidas de seu coração.

Ela ficou ali, sentada junto a mim, e com os olhos fechados ficamos ali ouvindo nossos corações batendo.

Pedi então que ela se esquecesse de tudo aquilo que havia lido até então. Nada daquilo a levaria até Deus, pois Deus estava nela, ela era um pedaço de Deus, assim como todos nós somos.

Ao ouvir seu coração batendo, ela conseguiu ouvir pela primeira vez na vida a resposta que sempre buscou. Sempre esteve em seu coração, mas ela nunca havia parado para ouvi-lo, nem prestava atenção a ele…

 

Seu olhar se encheu de glória! Seus lindos olhos verdes brilhavam mais do que nunca. Estava ali para quem quisesse ver, a magia da criação, a benção da vida… Toda divindade que havia nela havia despertado, estava ali em seu olhar…

 

Disse-lhe que somos todos provas vivas do amor de Deus pai e mãe, da energia que nos criou, pois somos parte dela. Todos nós carregamos um pedaço de Deus em nós.

Muitos passam anos buscando por amor e aceitação, mas não buscam dentro do único lugar onde podem realmente encontra-lo…

 

Senti em Lucy pela primeira vez desde o primeiro dia que a vi que estava realmente feliz. Feliz por ter se encontrado e encontrado todo o amor que desejava em seu coração. Ela se encontrou com Deus, e acreditou pela primeira naquilo que sentia.

 

Despedi-me e voltei para meu antigo posto, mas algo em mim também havia mudado.

 

Essa experiência me ajudou muito, eu também sinto que evolui. Aprendi que não importa o quanto somos diferentes, as coisas em que acreditamos ou a maneira que agimos, no final das contas, o que todos querem é ser amados. Sejam vocês humanos, ou anjos como eu…

 

Pois então, o amor está ai para todos nós, basta procurar no lugar certo…

Por RebelHeartBR

Laços da Alma – Uma Ode aos meus Amados…

 

Muitos olhares irão cruzar com o seu…

Mas nenhum deles irá lhe revelar tanto quanto o meu revela…

 

Muitas mãos lhe serão estendidas…

Mas não irão lhe carregar nos braços como eu carrego…

 

Muitas pessoas irão lhe sorrir…

Mas nenhuma delas sorrirá por você como eu sorrio…

 

Muitas palavras lhe serão ditas…

Mas nenhuma delas lhe falará tanto quanto meu silêncio…

 

Muitas pessoas passarão por sua vida…

Mas nenhuma delas irá lhe conhecer como eu conheço…

 

Muitos serão seus professores…

Mas nenhum lhe ensinará as lições que aprende comigo…

 

Muitos lhe darão presentes…

Mas ninguém dividirá sua vida com você como eu divido…

 

Muitos caminharão junto a ti…

Mas nunca receberão de ti o que você me deu…

 

Muitos afirmarão te conhecer…

Mas ninguém vislumbrará sua alma como eu…

 

Pessoas, irão e virão…

Mas nenhuma delas será o que sou para você…

 

Por RebelHeartBR

 

 

A Árvore e o Pássaro

 

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Lá estava eu…

Uma bela e majestosa árvore, com minha folhagem protuberante, tronco rígido e raízes bem fincadas a terra…

 

De onde estava acompanhava todos os dias a vida acontecer, mesmo que não pudesse fazer muita coisa para participar da mesma…

Se precisava de alimento, dependia que chovesse onde eu estava ou que algum estranho se compadecesse de minha fome, e me desse água.

Estava presa, totalmente dependente, expectadora da vida e de seu curso.

 

Me sentia triste, pois sentia o vento em minha copa, mas não podia me deixar levar por ele…

Via por vezes o por do sol, mas jamais conseguiria ir ao seu encontro…

Olhava as crianças que corriam e se agarravam a minha volta… Ah e como eu gostaria de poder brincar com elas, mas eu era só uma árvore, o que poderia eu fazer se as raízes ali me prendiam?

Nada… Absolutamente nada… Tinha que observar e me contentar com esse papel…

E quantas vezes então fui ferida, arrancaram-me as folhas, os galhos foram quebrados, meu tronco foi dilacerado? E eu ali, passiva, esperando os dias passaram e cada vez mais triste por ter nascido uma árvore… Isso não é destino pra ninguém…

 

Os dias se arrastavam devagar, pra dizer a verdade, eu não via a hora que aquele martírio terminasse… Como e quantas vezes desejei que alguém resolvesse me arrancar dali… Naquele ponto, morrer não parecia tão ruim assim…

 

E em um desses dias como todos os outros que eu vivia, vi uma bela ave, um pássaro lindo, e ele planava e brincava com seu corpo, deixando-se levar pelas correntes de ar, mergulhando no lago próximo dali, voando muito alto, e por diversas vezes, dava rasantes bem rentes ao chão para ver até onde conseguia ir…

Uma coisa mudou em meu coração a partir dali… Como eu gostaria de ser um pássaro… Ir onde desejasse, não ter limites e experimentar aquilo que quisesse, sem depender de ninguém mais, jamais…

 

E esse pássaro passou a ser uma visita constante…

Todos os dias, lá estava ele… Voava, brincava, se alimentava e ia embora… Feliz, com certeza…

 

Esse pássaro tinha uma luz muito bonita, ele irradiava felicidade e liberdade para quem quisesse ver… Eu por minha vez, cada vez mais frustrada com minha condição de árvore dependente e presa ali pra sempre (ou até uma alma caridosa me derrubar) estava murcha, sem graça, sem brilho… Havia caído em minha própria escuridão, e agora a auto piedade era meu consolo, minha fuga… Observar esse pássaro todos os dias era a única coisa que me trazia algo parecido com alegria, pois por alguns momentos me imaginava como ele, e sentia o gostinho da liberdade que tanto almejei.

 

Percebendo minha dor, um dia ele decidiu se aproximar…

Chegou junto a mim, e me perguntou por que estava tão triste… Ele havia notado que eu só ganhava um pouco de luz quando o via voando e isso lhe deixou curioso…

 

Eu lhe contei minha história, contei-lhe da minha infelicidade em ser uma árvore que esse destino me fazia muito triste e que queria muito ser como ele, poder voar, sem destino, sem nada que me prendesse, sem depender de ninguém pra isso. Queria ser livre, fazer minhas próprias escolhas, trilhar meu próprio caminho…

Disse que cada vez que o via voando, tentava alcança-lo, mas as raízes eram fortes, nem sequer conseguia me mover e isso estava me matando.

 

Nunca fui uma árvore muito feliz. Olhava todas as árvores ao meu redor, conformadas e pseudo-felizes com sua condição… Se achavam o máximo, fortes, imponentes… Achavam que todos dependiam delas, quando na verdade, sempre foi o oposto…

Desdenhavam daqueles que não tinham raízes… Chamavam essas pessoas de sem rumo, perdidas, quando na verdade isso se chama ser livre.

Nunca me contentei com o pouco que consegui ali, sabia que minha alma estava destinada a algo maior e melhor e isso era frustrante… Com certeza nascer árvore foi um erro grotesco de quem me criou… Onde já se viu, ao invés de me dar asas, me prender com raízes?

 

O pássaro ouviu todos os meus lamentos e lamúrias, atento a cada detalhe daquilo que meu coração agora dividia com ele…

Percebi que ele riu, a principio achei que estava debochando de minha situação, mas seu riso era de complacência e não ironia…

Ele me disse então que na verdade eu não havia nascido uma árvore. E que eu já não me lembrava de meu passado (outra desvantagem em ser uma árvore, você esquece de muita coisa…).

Ele me contou que na verdade todos nasciam como pássaros… E que hora ou outra da vida, muitos pássaros acabavam sucumbindo a opiniões alheias, ficavam dependentes, perdiam a vontade de voar e explorar, se apegavam a coisas, pessoas e lugares e quando menos esperavam, suas raízes apareciam, se fincavam ao chão e ele se tornava uma árvore, se esquecendo completamente do tempo em que era um pássaro e era livre.

Não podia acreditar nos meus ouvidos… Então todo esse sofrimento, essa dependência, essa vida limitada e mixuruca que eu vivo foi escolha minha? Nossa, como pude permitir-me ser dominada, submetida à vontade alheia dessa forma? Como pude me apegar tanto a necessidade de agradar aos outros a ponto de perder a mim mesma?

E então eu chorei… Chorei como nunca havia chorado antes… Me arrependi amargamente do destino que eu mesma impus para minha vida, me arrependi de tudo o que não tinha vivido por medo, apego e submissão…

 

A linda ave se aproximou, enxugou minhas lágrimas e com seu bico começou a cortar minhas raízes… Nossa, isso doía muito, pedi que parasse, mas ele me disse que sabia o que estava fazendo…

Confiei, agüentei tudo ali… Quando ele conseguiu cortar a última raiz que me prendia a terra, algo mágico aconteceu…

 

Já não tinha mais uma folhagem, mas eu tinha asas… Já não era mais uma árvore, tinha voltado a ser um pássaro…

Meu coração disparou, chorei de felicidade…

 

Eu era livre novamente… Livre para voar pra onde meu coração desejasse, livre para fazer minhas escolhas, para ser feliz… Livre…

 

Agradeci ao pássaro que me salvara… Você mudou minha vida, eu disse…

E ele me disse que não… Na verdade ele sempre esteve ali, mas ninguém nunca havia notado antes de mim, pois estavam todas muito condicionadas as vidas limitadas que escolheram…

Disse que eu estava livre pois meu coração assim o desejou e eu passei a nota-lo nos seus vôos diários, e tudo o que fez foi atender o pedido que meu coração fazia… Queria ser livre e agora era…

Estava de volta ao início, livre como vim ao mundo antes de permitir-me ser aprisionada pelos meus próprios medos, dependências e submissão…

 

Sinto o vento agora sob minhas asas e me deixo levar… A felicidade que a liberdade me trouxe me deu um novo ânimo, soprou vida nova em mim…

Eu que nasci pássaro, me tornei árvore, e me libertei novamente…

 

Vôo para me encontrar com o por do sol…

Vôo em direção ao infinito.

Sem destino.

Sou livre, o amor é meu caminho.

 

Por RebelHeartBR